POESIAS SOLTAS
& algo mais...
Chiara Lubich - Fundadora do Movimento dos Focolares
ABRIL - 2025
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?» (Is 43,19)
O exílio na Babilónia e a destruição do Templo de Jerusalém tinham provocado um trauma coletivo no povo de Israel e suscitavam uma interrogação teológica: será que Deus ainda está connosco ou será que nos abandonou? O objetivo desta parte do livro de Isaías é ajudar o povo a compreender o que Deus está a realizar, a confiar n’Ele e, assim, poder regressar à pátria. É precisamente na experiência do exílio que se revela o rosto criador e salvador de Deus.
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?»
Isaías recorda o amor fiel de Deus pelo seu povo. A Sua fidelidade permanece constante até durante o período dramático do exílio. Mesmo que as promessas feitas a Abraão pareçam inatingíveis e o pacto da Aliança pareça estar em crise, o povo de Israel continua a ser um lugar particularmente privilegiado da presença de Deus na história. O livro profético aborda questões existenciais, fundamentais não apenas para aquele tempo: quem controla o desenrolar e o significado da história? Esta pergunta pode ser feita também a nível pessoal: quem controla o curso da minha vida? Qual é o sentido daquilo que eu estou a viver ou daquilo que eu vivi?
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?»
Deus atua constantemente na vida de cada um, fazendo “coisas novas “. Se nem sempre nos apercebemos ou conseguimos compreender o seu significado e alcance, é porque elas estão ainda a despontar ou porque ainda não estamos prontos para reconhecer aquilo que Ele está a realizar. Distraídos com os acontecimentos, com as mil e uma preocupações que nos atormentam, com pensamentos que nos importunam, talvez não consigamos deter-nos suficientemente para observar esses rebentos que são a certeza da Sua presença. Ele nunca nos abandona. Cria e recria continuamente a nossa vida. «Somos nós a “coisa nova”, a “nova criação” que Deus gerou. […] Não fiquemos a olhar para o passado com saudades das coisas boas que aconteceram ou a chorar os nossos erros: acreditemos fortemente na ação de Deus que pode continuar a realizar coisas novas»[1].
«Olhai: vou realizar uma coisa nova, que já começa a aparecer; não a vedes?»
Juntamente com aqueles com quem partilhamos o caminho da existência – a nossa comunidade, os amigos, os colegas de trabalho – procuremos trabalhar, confrontar-nos e não perder a confiança de que as coisas podem mudar para melhor. 2025 é um ano especial porque a data da Páscoa ortodoxa coincide com a das outras denominações cristãs. Que este acontecimento, a festa da Páscoa comum, possa ser um testemunho da vontade das Igrejas de continuar, sem parar, um diálogo que permita enfrentar juntos os desafios da humanidade e promover ações conjuntas. Preparemo-nos, por isso, para viver este período pascal na plenitude da alegria, da fé e da esperança. Tal como Cristo ressuscitou, também nós, depois de termos atravessado os nossos desertos, deixemo-nos acompanhar nesta viagem por Aquele que guia a história e a nossa vida.
Texto preparado por Patrizia Mazzola e pela equipa da Palavra de Vida
[1] C. Lubich, Palavra de Vida de março de 2004, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5) Città Nuova, Roma 2017, pp. 715-716.
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POESIAS
P O E S I A S
SEM TEMPO
Sem tempo, sem tempo para viver,
Tempo que nos eleve, que nos enleve!
Mas há tempo que o espaço nos sorve
Na medida que gira e nele nos envolve.
Tempo que à giza da coisa porvir
Sulca e suga nosso tempo devir
Envolve-nos no exausto correr
Do tempo que fervilha contra o ser!
Sem tempo e sem coragem para ser
Tempo que acalme, que nos dealbe!
Mas há tempo cerrado em litanias
Na medida que em nós crava teimosias.
Tempo que porfia e atenta assaz
Sulca o leito, seu apetite satisfaz.
Envolve-nos atónitos em coisas estranhas
Do tempo que corre em nossas entranhas.
Sem tempo isento de ruído para escutar,
Tempo que grita em delírios afónicos!
Mas há tanto tempo que o tempo teima
Na medida grisalha de um sol que queima.
Tempo que se esvai cantando folias
Sulca arenas lavrando e forjando alegrias.
Envolve-nos petardos e ilusões nos tece
Do um tempo ignóbil que nos adormece.
Sem tempo para um digno viver,
Tempo que nos consinta induzir amor!
Mas há muito tempo pleno de argueiros
Na medida dos embustes financeiros.
Tempo edificado ao interesse de quem guia
Sulca de rapina a nobreza e a alegria.
Envolve-nos no torpor de um amanhã
Do um tempo sem sol, deveras afã!
Sem tempo para a ação solidária,
Tempo que nos permita estar atentos!
Mas há tempo debalde feito eterno
Na medida duma vida quase inferno.
Tempo transtornado ao arrepio da avidez
Sulca como opróbrio alegria e sensatez.
Envolve-nos uma névoa torpe em que o cismo
Nos enaltece lustroso o puro individualismo!
Luís José Pereira da Silva
Quintas do Sirol, 28 de outubro de 2013
EM SURDINA
É o que digo, o que escrevo
O que faço e não colho.
Por mais raro que pareça,
São semanas de valor
Que se quebram e se colam,
... por favor.
São amostras de vontades
Que cercadas pelo peso do sentido
Dão a força
Ao que digo.
Porque altas vontades se matam
E na morte ressuscitam
Pelo valor que se reparte.
É o que digo, o que escrevo
O que faço e não colho.
É o sangue que se vê
em noites de nortada esvaída.
São os dias, sem noites por guiar
Pois jamais o medo irá cantar,
Em surdina para que te quebrem
Ou em molas para abrandar.
Esse dia, sem razão, não vai chegar.
Mas com vasos de amor
E um recheio de esperança
Vais conduzir-te sem licença
Pelas dunas duma serra,
Sem serranos que se colem.
Podes partir
Mas rearma o silêncio
Dum momento que se esquece.
É o que digo, o que escrevo
O que faço e não colho.
Lusil, Leiria, 27 de Julho de 1982
NATAL
A súbita luz vinda do alto hino
Trazendo vias de paz e talento.
Nebulosa de calor e sentimento,
Mas escorreita como o doce tino.
Um eco nobre da voz do pequenino
Veio do ventre da Virgem como vento.
Sopram fonemas forjando fomento
Que tecem paz, nosso sonho menino.
E porque ao som desta voz entendemos
Quando fora do estar atento não lembra?
- É a obra do velho que não perdemos.
E porque natal se vive e se engendra
Quando pela noite do tempo o esquecemos?
- Sintoma de morte, ião que desmembra.
Luis José Pereira da Silva - Dezembro de 1988
SINAIS DO TEMPO
Passa-se a ribeira
É logo a soleira da casa vazia.
E em contratempo
Transbordam charcos em nostalgia.
E porque se sente
O cheiro pungente de noite e de dia,
Ou como outrora
Se vendem os sonhos de fantasia?
São sinais.
Sinais do tempo em voo picado
Como arrozais em campo minado.
Ou simples auréolas em trono trocado.
Sempre em surdina,
Os homens cantam sua alegria
Para que os sonhos
Também se façam durante o dia.
Mas porque se sente
O cheiro pungente de noite e de dia,
Ou como outrora
Se vendem os sonhos de fantasia?
Lusil - Agosto de 1997
OUSAR
Ora ousem ser...
A perfeição. Que será, decerto,
A obra mestra do Mestre Homem, aos sãos.
Cedida de nós a vós.
Auge do tempo sem fim,
Retorno eterno, Querubim.
Ora ousem ver...
Conferir e olhar de perto,
Quão longe se avistam minúsculos grãos.
Quando tão junto a nós,
Tão junto a mim -direi,
As grandes traves estão.
Ora ousem ler...
Cartas ou crónicas de teor reto,
Que de arte e pincel em suas mãos
Desvaira nossa voz:
Porventura cantava;
Porventura rezava.
Ora ousem ter...
Simpatia e coração aberto,
Simplesmente belo e feliz, como então
Já era dos avós...
Era artimanha e abrigo,
Feitura que não digo.
E não sussurro ao ouvido de ninguém
Amostras de azáfama
Ou qualquer diáspora.
Nem mesmo perco meu tempo debalde,
Rabo entre pernas de retro olhando,
Ou na areia a cabeça enterrando.
Luis José Pereira da Silva, Novembro de 1997
EM CHARCOS, CATACUMBAS
Fim do mundo, nova terra,
Luzes que marcam as pistas
Dum vermelho multicor
Em charcos,
Catacumbas.
Nódoas vermelhas sobre a terra
Mão do homem maquinista
O robot da nossa era.
Luzes do vento polar
Vindas do ar a queimar,
Casos de tempo,... enigmas,
Glóbulos de paz ao acaso
Navegam guiados sem tino
Em charcos,
Catacumbas.
E noites exaustas sem medo
Caçando respostas sem chumbo
Medindo a terra, o segredo.
Vermelhas estradas
Planeta vermelho
Razão incarnada?
De rostos sem tom
Malogrados,
Refinados doutores
Filhos do dono da guerra,
Captam nos restos dos rostos,
Dos corpos vermelhos,
O sangue de mártir
Congelado…
Em charcos,
Catacumbas.
Lusil, Junho de 1982
QUANDO PASSAS...
A ti,
Que jazes no infinito da dor.
A ti, semeador de vento,
Que vives por cima do homem lunar
Envias sopros de bem estar,
Vives soprando sobre o nada,
Acabas com a vida
Talvez um pouco inacabada.
Sonhas marés esperas vazios
E sentes ferver, mas tudo passa
Quando tudo acaba porque o outro começa.
E é assim.
Sentes tudo no nada,
Vives e sorris...
...( mais um fio, controla,
Liga-o, sim! Agora está!)
Às marés de vento,
Passas a noite insólita.
Às finais do tempo,
Passas os dias sorrindo.
Às noites escuras,
De bondades que bombeiam,
Passa-las espreitando. Zombando.
Porquê?
Tremes quando vês... quando passas...
E a passa que passa,
Passando apertada, não te diz nada?
É justa?!...
E continuam as noites, os dias,
As tuas marés luzidias,
Os teus ventos vácuos,
A tua solidão imensidade?
A gente passa,
..., mas se passa vai ficando!...
Lusil - Novembro de 1980
ANAMORFOSES
O súbito chilrear invernal,
Que das cavernas obtusas tão lento emergiu,
Trouxe à luz do dia a noite e o frio
De tão suave litania, mas de cor infernal.
Ó céu vos grito, para que a luz se faça.
Ó Deus Mistério envolto, retorna
Ao recanto que de Ti se adorna
Antes que a noite ocorra e o dia se desfaça.
Lusil - Outubro de 2009
FONTES DO LIZ
Outrora, poéticas musas
De decote ilustre e fino,
Se espelhavam em teu leito
Verdejante e cristalino.
E como farpas de incenso
Inspiraram imortais,
Que ilustres te cantaram...
Vieira e tantos mais.
Mas hoje te ferem de morte
E petrificam tuas musas.
São tuas águas leveduras
De cinzento já negrado.
E tombo a tombo vamos criando suturas
De preceitos desregrados.
Das tuas musas, ainda assim,
Algumas fogem...
Talvez via sideral.
Talvez pedir socorro.
Talvez ao imortal.
Ó quebrantadores arautos,
Libertem do Liz esse fel.
Que às Fontes,
Suas musas têm pressa em voltar.
Ó quebrantadores arautos,
Devolvam ao Liz o menino.
Que às Fontes,
Suas musas se apressam a ficar...
Em seu leito,
De decote ilustre e fino.
Luis José Pereira da Silva 1994
SEDOSAS TEIMOSIAS
Obstinações e insultos depravantes.
Pré-campanhas, campanhas, eleições…
Sedosas teimosias.
Promessas e alegorias obstinadas
De tudo se servem, mas nada lhes é útil.
Apenas a cruz, o cruzar de linhas.
E não a Cruz.
Porque essa, cada vez é mais pesarosa
Aos que, pegando na caneta traçam as linhas.
Aquelas por que eles anseiam e também traçam a sua cruz.
Sedosas teimosias.
Após escolhas, as ditas eleições,
A Cruz cresce acrimoniosa ao eleitor,
Apenas, porque engodado lá libertou o seu fervor.
Por sua vez, o eleito da cruz se serve
E, não raro, fere o sentimento do votante
Que, jazendo no seu impotente ímpeto,
Suporta o Despacho, a Lei e o Decreto
Sempre, cómoda e resignadamente expectante.
Sedosas teimosias.
Quando do servir-se ao servir passar,
Então, a acção política,
O Homem há-de libertar.
Lusil - Agosto de 2009
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FORMAÇÃO & EDUCAÇÃO
I. FORMAÇÃO E DUCAÇÃO - Pais e filhos
O Homem é um ser dotado de imensas e extraordinárias características. Talvez as mais estruturantes passem pelos aspetos pensante, relacional e espiritual. Afastar estas capacidades do Homem, como pretensamente foi ensaiado por alguns ao longo dos tempos (desde Diágoras e Crítias na antiguidade clássica, Leonardo da Vinci e Maquiavel na idade média, o Niilismo e o Marxismo nos tempos modernos e século XX), só veio contribuir para aquilo que muitos pensadores atuais consideram ser o vazio absoluto do Homem de hoje a que Lipovetski chama a “era do vazio” e Henrique Rojas o “homem light”. Do mesmo modo, o Professor Andrew Oitke, catedrático de Antropologia em Harvard, refere que o problema central da sociedade moderna está na família e na escola. Diz ele: “Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate. Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.”[1]
Ao falarmos de educação e do relacionamento Pais/Filhos (ou vice-versa), devemos perceber, em primeiro lugar, que em situação alguma há fórmulas, modelos, receitas ou instruções que se considerem ideais ou absolutas para o sucesso que cada família pretende para si, para os seus e para a sociedade em sentido lato. Todavia, pelo desenvolvimento da ciência em geral e das ciências sociais e humanas em particular, existe um manancial de literatura, estudos científicos, teorias e princípios que, se usados com responsabilidade e bom senso, parecem resultar uns melhor que outros.
Para que se possa passar desta “era do vazio” ou do “homem light” para uma sociedade rica ao nível dos valores, tem de se apostar, sem qualquer hesitação ou medo, na formação dos seus respetivos intervenientes (pais). Assim, partindo do princípio que a família tem um papel insubstituível nas questões educacionais, relacionais e afetivas, até como fundamento antropológico deste grupo primário, é aí que tudo deve começar sendo, então, pertinente, justo e digno que se aposte numa formação séria destes constituintes.
Foi com este propósito que me assaltou a ideia e a vontade de fazer uma série de textos, baseados em estudos e conceitos de diversos pensadores, cujo princípio é o de nos fazer, a todos sem exceção, pensar, refletir e agir de modo mais assertivo sobre o que queremos para os nossos filhos e a sociedade de hoje e de amanhã.
[1] Mental Obesity. Oitke, Andrew
Luís José Pereira da silva
APRENDIZAGEM COLABORATIVA
A aprendizagem colaborativa vem-se tornando uma das estratégias mais eficazes para a Educação à Distância e não só. Nela, a ênfase está na interacção entre os participantes. Cabe ao adulto facilitador, ou moderador, propiciar situações de aprendizagem em que todos aprendam com todos.
A Aprendizagem Colaborativa, que tem entre os seus representantes mais importantes: Vygotsky, Bruner e Piaget, caracteriza-se por ser uma aprendizagem que se faz em contextos de práticas sociais que implicam a colaboração entre todos e também entre o adulto que, em princípio, se torna o tutor que modela progressivamente determinadas aprendizagens. Esta aprendizagem é fundamentalmente um processo de interacção social, que deve ser promovido pelo professor que deve ser capaz de cooperar com os outros ouvindo, explicando, colaborando, ajudando, etc., dando os seus argumentos e contra-argumentos. São espaços onde interagem grupos de pessoas unidas com um fim comum que é a aprendizagem.
Dado que o individualismo empobrece a aprendizagem, um dos objectivos da Aprendizagem Colaborativa é que os ambientes de aprendizagem colaborativos sejam ricos em possibilidades e propiciem o crescimento do grupo. E, como objectivo comum, se faça a aprendizagem e construção do conhecimento.
Podemos falar de 3 elementos básicos da Aprendizagem Colaborativa:
Primeiro: Interdependência do grupo os alunos, como grupo, têm um objectivo a prosseguir e devem trabalhar eficazmente em conjunto para os alcançar.
Segundo: Interacção, um dos objectivos da Aprendizagem Colaborativa é melhorar a competência dos alunos a trabalhar em equipa. Ccada membro deve assumir a sua tarefa e disponibilizar espaço e tempo para a partilhar com o grupo e, por sua vez, receber as suas contribuições.
Terceiro: Pensamento divergente deve haver uma tomada de consciência de que todos podem pôr em comum as suas perspectivas.
APRENDIZAGEM SOCIAL DE ALBERT BANDURA (1925)
A teoria da aprendizagem social de Bandura visa explicar como certas facetas do comportamento humano são aprendidas através de um processo de modelagem social, ou seja, através da observação do comportamento dos outros.
Um novo paradigma: Aprendizagem por observação, imitação e modelagem
No paradigma da aprendizagem social, a pessoa é um ser complexo e o seu comportamento não pode ser explicado tão linearmente, como acontece no condicionamento operante. Ao vivermos em interacção constante, tanto com o meio físico, como com os nossos parceiros sociais, a aprendizagem faz-se sobretudo por observação e imitação do outro e depende da escolha de modelos - guias .
Neste paradigma o funcionamento psicológico assenta em 3 processos básicos: vicariantes, simbólicos e auto-regulatórios.
Os processos vicariantes (que substitui o outro) dizem respeito à influência que a observação de modelos sociais, como os pais, professores, amigos e heróis, têm nos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Mas é pelos processos simbólicos que conseguimos usar símbolos, representar mentalmente os acontecimentos, analisar a nossa experiência consciente, comunicar com os outros, ou mesmo, planear as acções. Aos processos auto-regulatórios se deve o comportamento final, como resultado da selecção, organização e transformação dos estímulos, influenciada por incentivos e consequências autogeradas .
Bandura defende, assim, a importância da aprendizagem por observação e diz ser um dos meios mais poderosos para a transmissão de valores, atitudes e padrões de pensamento. Ela processa-se duma forma natural, através das experiências de vida quotidiana, quando a criança ou o adulto prestam atenção às outras pessoas, ou de forma intencional, quando as pessoas são expostas a modelos, no sentido de realizarem determinada aprendizagem, como nas situações estruturadas de ensino.
O autor acrescenta que a modelagem de um comportamento pode ser feita por via directa, se tiver o modelo ao vivo, através da representação pictórica, isto é por imagens e/ou gravuras, ou pela descrição verbal como nas instruções sobre actividades ou sobre jogos .
As fases da Aprendizagem
Para que ocorra aprendizagem devem verificar-se 4 fases: Atenção, Retenção, Produção e Motivação.
VYGOTSKY (1896-1934), visa atingir o mesmo objectivo da teoria de Piaget, contudo explica certas observações e levanta hipóteses explicativas diferentes face à mesma classe de fenómenos. De certo modo, complementa-a através da sua perspectiva de “construtivismo social”.
Valoriza muito toda a acção pedagógica e o professor. No fundo, entende a aprendizagem como colaborativa.
Fundamenta a sua teoria na ideia de que o processo de desenvolvimento depende necessariamente do meio, dos outros mais próximos e valoriza a contribuição da cultura. Apresenta 4 ideias que juntas caracterizam o desenvolvimento do ser humano: Filogénese – história da espécie humana; Ontogénese – história do indivíduo da espécie, desenvolvimento do ser; Sociogénese – história sócio-cultural onde o indivíduo está inserido e; Microgénese – desenvolvimento relativo a cada acção concreta.
A relação do homem com o mundo é feita por sinais e a relação com o mundo, depois de alguma experienciação, é feita por essa mesma experiencia através dos sinais que são a própria linguagem. Defende que a linguagem representa um papel fundamental na formação dos processos cognitivos e concebe este desenvolvimento como um processo de interiorização dos instrumentos e sinais. O desenvolvimento dá-se de fora para dentro, isto é, desenvolve-se porque aprende (Piaget, aprende e desenvolve-se)
Vygotsky considera que a criança é alguém que se torna aspirante à humanização e à socialização uma vez que as pessoas que a rodeiam se tornam facilitadores e modelos desse mesmo desenvolvimento, dando grande importância à intervenção dos outros no desenvolvimento de cada sujeito. É neste quadro que identifica 2 níveis de desenvolvimento. O desenvolvimento actual que corresponde àquilo que a criança consegue fazer sem a ajuda ou a colaboração de outros e o desenvolvimento potencial que é aquilo que tem a possibilidade de desenvolver com a ajuda de outros.
Acha que o ensino deve contribuir para a passagem do nível potencial da criança para o seu nível do desenvolvimento actual através de um processo de relação e interacção onde os professores podem ser potenciais facilitadores do processo de desenvolvimento das crianças, na medida em que se tornam modelos.
Considera que o professor, ao interagir com a criança, para além do que ela é naquele momento, deverá ter em conta o que ela poderá vir a ser.
Resumo do texto: “A teoria sociocultural de Vygotsky”
BRUNER (1915) é considerado, a par de Gagné, uma das figuras chave no âmbito da psicologia da educação.
Defende que a aprendizagem implica um processo activo de construção de novas ideias e conceitos baseados em experiências anteriores com a colaboração de outros, dos grupos e em contextos de práticas sociais.
De certo modo, coincide com as ideias de Piaget no que diz respeito à importância do conhecimento humano no desenvolvimento e sobre o processo construtivo do conhecimento.
Defende que os seres humanos, ao longo da sua evolução, desenvolvem três sistemas complementares para assimilação e representação da informação. Assim, refere que, nos seus primeiros meses de idade, a criança define os acontecimentos pelas acções que evocam; com o avançar do tempo a percepção torna-se autónoma e; por fim, surge a representação através das palavras e da linguagem.
Também aqui é possível observar um certo paralelismo com os estádios de desenvolvimento propostos na teoria de Piaget.
Na sua reflexão sobre o desenvolvimento, sobretudo naquilo a que chama transição da imaturidade para a competência, Bruner destaca o papel importante da cultura, da educação e da escola.
Não descurando a importância das teorias da aprendizagem e do desenvolvimento, nem as afastando ou reduzindo do seu valor, apenas pelo argumento que estas têm um carácter mais descritivo, Bruner propõe a criação de uma teoria do ensino para que se debruce mais sobre as formas de melhorar o ensino.
A este respeito, indica quatro pontos a ter em consideração:
1- As experiências que mais eficazmente desenvolvem no indivíduo uma predisposição para a aprendizagem. Aqui devem ser focalizados os aspectos culturais, motivacionais e pessoais que influem no desejo de aprender, realçando o papel fundamental do professor na estimulação da motivação;
2- Como deve ser estruturado o conhecimento para que possa ser entendido pelo aluno. A ideia central assenta no conceito de estrutura da matéria a ser transmitida aos alunos.
3- As condições mais eficazes para a apresentação dos conteúdos. Aborda a situação da optimização das sequências de apresentação da informação e considera ser mais eficaz se se atender aos estádios de desenvolvimento do aluno, às experiências anteriores e aos seus interesses.
4- A natureza dos reforços e punições no processo de aprendizagem e ensino. Neste aspecto, é considerado o facto de a aprendizagem depender do conhecimento dos resultados. Convém que os alunos sejam atempadamente informados sobre o seu desempenho e sobre os seus progressos. Ex: Professor que entrega os testes sem tempo de espera, leva a uma grande consciencialização e discussão dos alunos. Ao contrário, a demora faz esquecer o próprio teste.
Bruner coloca grande ênfase na aprendizagem pela descoberta e distingue dois tipos de ensino: o expositivo e o hipotético-dedutivo. No primeiro é o professor que toma as decisões, sendo o aluno um actor passivo. No segundo é requerida a participação do aluno nas tomadas de decisão e a exploração de exemplos.
Obviamente que esta aplicabilidade levanta questões, origina fracassos e é exigente para o professor e alunos. Todavia, se se assegurarem as competências necessárias à sua consecução poderá tornar-se uma das melhores formas facilitadoras da aprendizagem pela descoberta.
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Verdadeiro Amor
"Um senhor de idade chegou a um consultório médico para fazer um curativo na sua mão, onde tinha um profundo corte. Muito apressado pediu urgência no atendimento, pois tinha um compromisso.
O médico que o atendia, curioso, perguntou o que tinha de tão urgente para fazer.
O simpático velhinho disse-lhe que todas as manhãs ia visitar a sua esposa que estava num lar para idosos, com a doença de Alzheimer já muito avançada.
O médico, vendo o atraso no atendimento perguntou:
- Então hoje ela ficará muito preocupada com sua demora?
No que o senhor respondeu:
- Não, ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos que não me reconhece.
O médico então questionou:
- Mas então para quê tanta pressa e qual a necessidade em estar com ela todas as manhãs se ela já não o reconhece?
O velhinho então deu um sorriso e batendo de leve no ombro do médico respondeu:
- Ela não sabe quem eu sou. Mas eu sei muito bem quem ela é!"
(Coisas da net - Autor desconhecido)
E NÃO É QUE ÉVERDADE?
E nõa é que é vrdaede?
De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, nao ipomtra a odrem plea qaul as lrteas de uma plravaa etaso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo.
O rseto pdoe ser uma ttaol csãofnuo que vcoe pdoe anida ler sem gnderas pobrlmes.
Itso é poqrue nós nao lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.
Cosiruo não? (Curioso não?)
OS JOVENS E A TV
Esta caixinha revolucionária, deve ser dos objectos mais fitados do planeta. É-o por lazer, por prazer, por gosto, por isto ou por aquilo mas também porque, por vezes, nos convém manter alguém ocupado sem que nos dê muito trabalho ou, pelo menos, que nos permita tempo para os nossos afazeres. Incluem-se aqui os mais pequeninos que, não raro, são comodamente largados a uns míseros centímetros do ecrã para que, então, possamos estar um pouco mais à-vontade. E assim lapidamos tenramente para este gostar de ver, ver tudo o que é bom ou o que é mau, ver tudo porque tudo se vê. Deste modo, sem qualquer preparação, sem rigor e sem formação ao nível da consciência e da liberdade, estas, outrora tenras crianças, educadas tenramente, absorvem desmedidamente tudo aquilo que vai jorrando daquela tela.
Não é coisa tão óbvia assim. Mas muito do seu carácter terá sido influenciado por esta máquina. O bom e o mau. Todavia, se devidamente acompanhado, poderá haver a capacidade de discernir entre uma coisa e outra.
Para finalizar e não abusar das palavras, a televisão influencia mas esta influência pode ser potenciada ou ignorada através dos grupos de pertença, de acordo com o seu timbre axiológico.
Ao conversar com alunos de uma turma do 11.º ano, do curso de Ciências Sociais e Humanas, sobre a problemática da influência da TV na sua vida, não foi unânime a perspectiva da intensidade da influência exercida sobre eles. Para uns, há programas que “até influenciam alguma coisa” é o caso dos morangos e do rebelde Way; para outros, há como que uma recusa intencional para não se deixarem “colar”, apenas para não perderem tempo; um terceiro grupo admite influências de tal ordem que pode provocar algum mal-estar com os próprios pais e até colegas.
Ao tentar perceber esta situação, não por meio de qualquer análise ou estudo sociológico mas apenas pela opinião directa destes jovens, os próprios consideraram que se pode tratar da “forma como cada um encara a vida” tendo por detrás aquilo que eles definiram como “a educação dos nossos queridos cotas”. Admitiram que todos lhes querem bem mas, o modo nem sempre parece ser o melhor e, por vezes, geram-se grandes conflitos, sobretudo, quando se trata de inovar.
Luís Silva